Os métodos de limpeza em sala limpa na indústria farmacêutica envolvem rigorosos protocolos de limpeza para garantir níveis aceitáveis de contaminação particulada e microbiológica. Vamos abordar aqui, de forma genérica para todas as classes de sala limpa, os métodos de limpeza empregados, seus princípios ativos, as normas e regulamentações vigentes, bem como os processos de validação de eficácia e monitoramento microbiológico pós-limpeza.

Métodos de limpeza em sala limpa aplicados

Limpeza por fricção úmida

  • Uso de panos de fibra não tecida ou de poliéster + microfibra, impregnados em solução detergente ou desinfetante.
  • Técnica “top-down” e “clean-to-dirty”: inicia no teto, descendo para paredes, mobiliário e piso.

Nebulização/vaporização

  • Para áreas de difícil acesso, utiliza-se vapor de peróxido de hidrogênio para desinfecção complementar.

Limpeza automatizada de piso

  • Robôs ou máquinas “ride-on” equipadas com escovas e soluções detergentes controladas.

Limpeza por pulverização-projeção (fogging)

  • Aplicação de névoa fina de desinfetante, garantindo cobertura total de superfícies, seguido por contato conforme tempo de ação.

Frequência e fluxos de limpeza

A frequência varia conforme a zona e o tipo de atividade:

Área / Atividade Frequência de Rotina Limpeza Profunda
Pass-Through, antecâmaras Diária Semanal
Salas de produção (ISO 7–8) Turno (após processo) Mensal
Salas críticas (ISO 5) Antes e após cada operação Semanal
Corredores e áreas de suporte Diária Mensal

No fluxo de limpeza, devem-se obedecer as etapas:

  1. Pré-limpeza: remoção de sujidade grossa.
  2. Limpeza com detergente: eliminação de resíduos orgânicos/inorgânicos.
  3. Enxágue (quando aplicável): remoção de agente tensioativo.
  4. Desinfecção: aplicação de desinfetante com tempo de contato controlado.

Principais produtos e princípios ativos

Tipo de Agente Princípio Ativo Característica
Detergentes Nonilfenol etoxilado, tensoativos neutros Remoção de sujidades
Álcool Etanol 70 % ou isopropanol 70 % Ação rápida, sem resíduo
Compostos Quaternários de Amônio Cloreto de benzalcônio Ação prolongada
Peróxido de Hidrogênio H₂O₂ 3–7 % Amplo espectro
Ácido Peracético Peroxiacético 0,2–0,5 % Biocida forte, sem subprodutos tóxicos
Cloro Ativo Hipoclorito de sódio 0,1–0,5 % Amplo espectro, corrosivo em alta concentração
Enzimáticos Protease, lipase Remoção de matéria orgânica incrustada

Normas e regulamentações

Validação de eficácia de limpeza

Para demonstrar que o processo de limpeza remove consistentemente resíduo e reduz carga microbiana:

  1. Swab Test
    • Amostragem por swab em superfícies críticas; análise de resíduos químicos e numeração de CFU.
  2. ATP Bioluminescência
    • Medida de ATP remanescente; resultados em RLUs (Relative Light Units).
  3. Teste de Rinse-Rinse
    • Coleta de amostra de solução de enxágue para quantificação de contaminantes.
  4. Estudo de Reprodutibilidade e Robustez
    • Variação de operadores, tempos de contato e concentrações do agente.

Monitoramento microbiológico pós-limpeza

Após procedimentos de limpeza, deve-se monitorar:

  • Amostragem de ar viável
    • Bioaerossóis capturados em placas de Petri de fluxo laminar para CFU/m³.
  • Placas de exposição (settle plates)
    • Exposição passiva para detecção de deposição de partículas viáveis.
  • Contatos superficiais (contact plates/Rodac)
    • Imediato após limpeza para CFU/cm².
  • Monitoramento contínuo
    • Sistemas de partículas e de pressão diferencial para garantir integridade ambiental.

A manutenção da qualidade em salas limpas farmacêuticas depende de métodos de limpeza padronizados, produtos adequados e validação rigorosa. A combinação de procedimentos rotineiros e profundos, aliada a um robusto programa de monitoramento e conformidade às normas internacionais, assegura segurança e eficácia na produção de medicamentos.